Um moço de cavalo de branco

outubro 07, 2013



E eu realmente nem fazia ideia em que lugar estava me metendo. Eu lembro da presença do cheiro do peso do mundo sobre as minhas costas. Que suava, aglomerava e escorria através das linhas de expressão que, no momento, estavam marcadas no meu rosto. A música tinha como melodia a vigésima nona sinfonia do medo da minha vida. E de bonita não tinha nada.
Não sei em qual parte deu-se a irresponsabilidade de jogar um peso tão grande sob as costas de uma garota de dezessete anos. Eu poderia culpar alguém, culpar a sociedade, mas escolhi seguir em silêncio a jornada de carregar o saco pesado, que ninguém no meio do caminho se ofereceu pra carregar. Nem um moço bonito em cima de um cavalo branco.
Dentro do saco havia uma espécie de pó, que se derramava sem querer e a qualquer descuido e perdia-se a essência da quantidade da união. Deixava como rastro letras que formavam os verbos "desistir" e "cansar". A cada fragmento do pó, da união do pó perdido, o saco se tornava mais pesado e as oportunidades de chegar ao fim mais distantes. Porém, se eu enfrentasse tudo o que foi estipulado iria ter uma proposta da qual eu só acreditaria vendo. Quem me contou tudo isso foi um passarinho azul.
A circunstância e a consequência giravam em torno de uma única pessoa e sentimento. Eu amava ele. Amava ele como quem gostava de ver as tardes de inverno. Como uma pessoa que subia, o ponto mais alto da cidade, pra ver por milésimos de segundos o sol se pôr atrás da linha do horizonte, e que fazia isso durante todos os dias. Como uma pessoa que se sentia maravilhada. Amava ele como se não houvesse palavras para descrever o sentimento. E o passarinho me contou também, que existia uma única palavra no mundo todo que poderia descrever, mas que isso, com toda a certeza das galáxias, eu, ele, nós, só aprenderíamos com o tempo.
O que me levou a ter vontade e determinação de realizar a jornada foi querer entender todo esse amor que tenho e tinha por ele. Mesmo sabendo quem ele é e foi, e mesmo querendo mudar algumas características.
O amor era grande, e através da conclusão da jornada eu pude entender algumas coisas. Por mim mesma. Eu descobri que para se chegar ao fim desta jornada, seja ele qual for, de quem for, a intenção terá de ser de bom coração. De ser do bem. De ser de verdade. Não importa quantos moços de cavalos brancos te ajudem, no final isso não contará em nada. A recompensa, é você, descobrir através dos seus próprios tropeços, que as coisas são do jeito que são. E deverão ser. Porque qualquer intenção de alteração em você, em outra pessoa tudo estará perdido. E te escrevo, que foi me dito que isso não tem volta. Não tem volta. Sobre o fim da jornada, cada pessoa que está aqui na terra tem a sua própria história. Alguns contam por aí. Outros ainda nem presenciaram. Cada qual com sua peculiaridade. Cada fim de jornada  escrita diferentemente para se alcançar um coração que bate. E bate forte por você. E essa é a tal da histórias das almas gêmeas. Contada por cima, é claro, e especialmente pra você.

*Foto:  Blog No Minimo Intrigante.

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