Cidade

julho 10, 2013


Encontrei com a doce garota por uma dessas ruas da cidade. Sonhadora, cega ou apaixonada. Seguia o seu olhar em um mundo onde ela mostrava através de um sorriso enxuto as cores do seu coração. Embriagada pelo barulho da cidade grande, pelo passar do tempo da correria e pelos pássaros que tentam se destacar comas buzinas de automóveis. Seu olhar era doce e malicioso. 
Poderia muito bem ser seus sonhos, mas ela estava em uma cidade grande. O barulho do atrito da roda no ônibus no asfalto me fez voar para longe, me fez querer saber o motivo do sorriso da doce garota e me fez ter vontade de sorrir assim.
Poderia muito bem ser cegueira, mas ela comia a cidade com os olhos. Devorava cada paisagem entre fios de luz que avistava. Uma cidade tão linda, com uma iluminação tão precária. Exposta.
Poderia muito bem ser de amor, mas estava desacompanhada. E ela não se jogava um segundo de boca fechada fora. Ela estava sorrindo. Sem esforços.
Poderia ser tudo e talvez não era nada. A minha lucidez pouco deixou aproveitar o momento. Poderia ser uma notícia boa, uma palavra amiga. Nada que acompanhasse a sua rotina. A minha viagem e a dela acabou quadras depois, quando a perdi de vista. Não soube se ela continuou sorrindo. Também não soube se ela era sonhadora, cega ou apaixonada. Talvez, fosse só um sorriso.
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