Sonhos ou pesadelos

julho 18, 2013


Eram três da manhã quando Ana acordou de seu pesadelo. Ela tateou a cama em busca de um ombro para se aconchegar. Mas não havia ombro algum. Nem aconchego. Ambos se tornaram o motivo pelo qual teve pesadelo.
Sobre o ombro, ela o conheceu em plena primavera de 2011. Não eram dias quentes. Não eram dias frios. Eram dias que beiravam ambas temperaturas. Às vezes chovia, e quase sempre saia um arco-íris, logo após, lá no final do horizonte. Bem perto dali, vários casais também se conheciam na primavera. Sobre o aconchego, ele veio junto com o ombro. O cara, que por curiosidade se chamava Felipe, estava lá sempre quando ela precisava. Sem exceções. Mesmo que fosse pra ouvir por horas ladainhas que no final nem faziam diferença, Ana sabia o que devia saber. Mas ela precisava de alguém para ouvir. Sempre. Sempre foi assim. E sempre foi assim até que as coisas começaram a mudar. Vocês sambem, é aquela velha história de sempre. Ou o cara se perde no mundo ou o cara se cansa da garota ou o cara prefere uma noite de bebedeira do que ela. Sim, não se enganem moças e rapazes, as histórias se repetem, se repetiram e vão se repetir por diversos endereços mundo a fora. Às vezes esbarramos com alguma exceção, mas eu, particularmente, jamais tive essa oportunidade. 
Voltando a história, eles se conheceram, se conheceram de verdade e as coisas entre os dois começaram a mudar. Mas vamos voltar ao miolo da história, as detalhes que são importante para o desenvolvimento. Ana, que tinha nome comum, gostava de raposas (seu sonho até hoje inclusive é ter uma de estimação), armações de óculos de grau, e perfumes clássicos. Filipe, que era queridinho pelas calouras da faculdade de Letras, recitava poesia em música pelo campus da facul. Os dois apreciavam o pôr-do-sol, alguns astros em especial e fenômenos físicos. Ana estava no quarto semestre de Astronomia e Filipe no sétimo. Eles gostavam de escrever sobre o cotidiano. Ana era loira, mas estava quase no caramelo, tinha olhos grandes, se vestia de acordo com o seu humor e gostava de uma maquiagem leve. Filipe era alto, moreno, cabelos cacheado e olhos verdes. E foi por isso que eles se apaixonaram. Pela astronomia, pela escrita, pelos olhos grandes, pelos olhos verdes, pela maquiagem e pelo pôr-do-sol. E, como já foi dito, se conheceram em um pôr-do-sol de uma tarde chuvosa. O motivo pelo qual começaram a se falar, é que ali na pracinha onde gostam de apreciar o sol desaparecendo entre as casas do bairro, no dia, não havia ninguém. Provavelmente por causa da chuva. De brinde com a conversa veio um arco-íris, e um beijo.
Agora vocês devem imaginar o quanto o casal foi feliz pelos meses que se seguiram. Porque entre eles aquela velha história de "os opostos de atraem" só se aplicava na química e os dispostos podem muitas vezes dar certo sim. Mas aí vem aquela parte chata onde alguma coisa acontece com o garoto. Foi quando chegou uma caloura nova na faculdade. Ela era de Direito e enfiou na cabeça que queria conhecer mais sobre as estrelas. Queria conhecer mais as estrelas que o Filipe via. Papo vem, papo vai. Sírius, Canopus, Arcturus e os outros nomes das estrelas mais brilhantes e visíveis da galáxia. A caloura ganhou um beijo também, na pracinha onde Ana e Filipe se conheciam. E foi ai que o Big Bang do relacionamento começou a explodir. Filipe, assim como gostava de ver as estrelas, começou a gostar de ver elas quando bebia. Quando bebia muito, exageradamente. Gostava de ver as estrelas fazendo outras coisas também. Gostava de vê-las com uma garota diferente a cada noite. A cada nova exibição. Ana correu atrás. Sofreu, chorou e esperneou. Até esqueceu do amor próprio.
Quando acordou, assustada do seu própria pesadelo. Deu um sorriso pensando em como sua mente era criativa. Até que ela percebeu que não era sua mente. Era a realidade. Era o que tinha pra hoje. Às vezes não adianta darmos o máximo de nós em um relacionamento. Às vezes não adianta tomarmos decisões por dois. Às vezes não compensa se iludir por um amor que talvez nem exista. Muitas outras vezes nem temos escolhas. Temos que agir com a razão, sempre junto com o coração. Ana continuou seguindo a rotina por vários dias. Chorou madrugada a fora, madrugada a dentro. Odiou a caloura. Sentiu pena do garoto. Ficou com nojo do Filipe. E o rumo das coisas começaram a mudar quando ela conheceu um carinha, que nunca havia percebido, da faculdade de medicina. Ela talvez até tenha esquecido o Filipe. E do Filipe não pode se esperar muita coisa. Mas sabe-se que ela não se arrepende do que fez, exceto por algumas escolhas. Mas ela está feliz. E você garota, qual caminho vai querer seguir? Hoje a noite vai ser de sonhos, ou pesadelos? Você quem sabe.

*Foto: Google.
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